Apagão
Há uma semana a esta hora, estávamos nós a regressar a casa depois de ele ter ficado sem bateria no portátil devido ao apagão. Chegámos, enchemos panelas e tupperwares com água, ele aproveitou os 30º para aquecer a comida ao sol com uma tampa a fazer efeito estufa. E não é que resultou? Um dos primeiros pensamentos que tive assim que chegámos a casa, no meio do campo, foi: Acho que vou arranjar galinhas mais cedo do que contava. Não para matar, é pelos ovos. Não obstante, nunca se sabe.
Eram 15h e já não conseguiamos fazer chamadas e enviar mensagens sem ser com os dados móveis, e mesmo esses sabe Deus... Foi uma paz. Um sossego forçado. Veio reforçar uma conversa que tive recentemente com o meu namorado: Os jovens de hoje dão a vida que conhecem como garantida, tudo pode mudar de repente.
Infelizmente, sei que é um privilégio o que temos. A nossa horta, as oliveiras, as árvores de fruto, o espaço para criar um celeirinho para ter umas cabritas e uma capoeira para termos galinhas. Devia haver mais incentivos e apoios para as pessoas conseguirem sair da cidade. Apoiar o teletrabalho por exemplo, até porque se não fosse isso provavelmente não estaríamos por aqui. Ou sim, porque era isso ou voltar para casa dos pais...
Nesse dia senti-me mais ligada ao presente, do que ao futuro.
Do apagão retirei uma coisa: Sempre que tiver uma vontade, de fazer scroll no telemóvel, agarro no kobo e leio. Acho que sinceramente só me falta isso. Tenho sentido os olhos cansados e a cabeça a mil. A internet tem muita coisa de bom. É excelente para ter ideias do que quero e até mesmo de como iniciar/continuar X projetos. Mas também muito de mau, quando já quase inconscientemente damos por nós e passou 1 ou 2 horas que estamos a fazer scroll. Ao fim desse tempo os olhos quase querem saltar da cabeça, e tenho tantas ideias e estímulos que quero fazer muita coisa mas ao mesmo tempo nada porque nem sei por onde começar ou não posso porque temos de dar baby steps...
Portanto, desde 28 de Abril que sempre que vou agarrar no telemóvel, agarro no kobo e leio um bocadinho.