A um mês da última injeção de zoladex e do último comprimido de tamoxifeno dos meus cinco anos de tratamento hormonal, fiz uma RM para me sentir mais segura. Isto porque na eco que fiz à dois anos, o médico sugeriu vigilância com RM devido a um gânglio aumentado na minha axila. Recomendação à qual a minha oncologista fez olho grosso. Como, infelizmente não é a primeira vez que fingem que não vem, fiz pelo seguro.

Também ia fazer mamo+eco, mas a médica que viu primeiro as imagens da RM disse que não era preciso.

"Está boa e recomenda-se." dizia ela, e eu no corredor levantava os braços como se tivesse ganho dinheiro numa aposta qualquer de futebol.

Só depois de fazer o exame é que comecei a pensar em tudo, em como estava a dar um resultado de exame limpo como garantido. Um futuro garantido. Uma vida até velhinha como garantida.

O facto de ter as maminhas, ao dia de hoje, livres de doença não significa nada. Mas é um prognóstico muito melhor do que ter algo.

Pelo que vamos vivendo com calma, e aproveitando muitoo cada dia ❤️

No ano passado comprei um mirtileiro numa bela manhã de Domingo, na feira. Penso que já era fim de Verão, mas achei que podia comprar e transplantar sem qualquer cuidado. E assim o fiz. Pouco mais de um mês depois, o mirtileiro perdeu as folhas e a haste principal ganhou uma cor acastanhada e algumas rachas. Pensei: morreu... Mas também o que esperava eu? Uma iniciante, que ainda sou hoje, a transplantar um mirtilo sem ter atenção à qualidade do solo, PH e afins.
Mas tudo bem, foi uma experiência e se corresse bem era top certo? Afinal de contas, estou a aprender.

Há um mês fui surpreendida com flores. Olhem para isto! Estão a olhar para a haste principal, carregadinha de flores 😍.

A primeira fotografia foi à cerca de um mês, e a segunda é de hoje. Tenho ido à horta, mas tem sido tão atarefado que não voltei a prestar atenção ao mirtileiro até hoje. E hoje fui lá a medo, ver se ainda tinha flores ou se tinha ido tudo com o vento e mau tempo que se tem feito sentir. Está lindo não está?

Este mês transplantei pimentos (10), tomates-cherry (5), melancia (3), melão branco (3), meloa (3) e morangos (10). As melancias faleceram. Parte dos melões e meloas também. E com isto aprendi que só deveria transplantar no exterior quando a temperatura à noite estiver acima dos 15º, o que não se tem verificado. Mas não faz mal, vivendo e aprendendo. 

Este mês também semeei, numa pequena estufa que comprei: morangos, abóbora kuri (a pensar no halloween), meloa, melão branco, melancia sugar baby e crimson, milho doce e girassóis. Sim, posso ir à feira comprar mudas e é também o plano B. Mas não há nada como crescer tudo desde a semente. A ideia é também ter plantas em fases diferentes, para ter estas frutas o verão todo, e não tudo ao mesmo tempo.

O sistema de rega gota a gota já está a bombar pelo que já começámos a fazer planos para fechar mais uma parte, gradar a terra e plantar. Entretanto vou fazendo a lista do que queremos por lá.

Há uma semana a esta hora, estávamos nós a regressar a casa depois de ele ter ficado sem bateria no portátil devido ao apagão. Chegámos, enchemos panelas e tupperwares com água, ele aproveitou os 30º para aquecer a comida ao sol com uma tampa a fazer efeito estufa. E não é que resultou? Um dos primeiros pensamentos que tive assim que chegámos a casa, no meio do campo, foi: Acho que vou arranjar galinhas mais cedo do que contava. Não para matar, é pelos ovos. Não obstante, nunca se sabe.

Eram 15h e já não conseguiamos fazer chamadas e enviar mensagens sem ser com os dados móveis, e mesmo esses sabe Deus... Foi uma paz. Um sossego forçado. Veio reforçar uma conversa que tive recentemente com o meu namorado: Os jovens de hoje dão a vida que conhecem como garantida, tudo pode mudar de repente.

Infelizmente, sei que é um privilégio o que temos. A nossa horta, as oliveiras, as árvores de fruto, o espaço para criar um celeirinho para ter umas cabritas e uma capoeira para termos galinhas. Devia haver mais incentivos e apoios para as pessoas conseguirem sair da cidade. Apoiar o teletrabalho por exemplo, até porque se não fosse isso provavelmente não estaríamos por aqui. Ou sim, porque era isso ou voltar para casa dos pais...

Nesse dia senti-me mais ligada ao presente, do que ao futuro.

Do apagão retirei uma coisa: Sempre que tiver uma vontade, de fazer scroll no telemóvel, agarro no kobo e leio. Acho que sinceramente só me falta isso. Tenho sentido os olhos cansados e a cabeça a mil. A internet tem muita coisa de bom. É excelente para ter ideias do que quero e até mesmo de como iniciar/continuar X projetos. Mas também muito de mau, quando já quase inconscientemente damos por nós e passou 1 ou 2 horas que estamos a fazer  scroll. Ao fim desse tempo os olhos quase querem saltar da cabeça, e tenho tantas ideias e estímulos que quero fazer muita coisa mas ao mesmo tempo nada porque nem sei por onde começar ou não posso porque temos de dar baby steps...

Portanto, desde 28 de Abril que sempre que vou agarrar no telemóvel, agarro no kobo e leio um bocadinho.