Casar? Ná.
Quando ontem, numa loja da baixa de Lisboa, vi a minha tia dentro daquele deslumbrante vestido de noiva, algo dentro de mim estremeceu. Contorceu-se. Mas não chegou a despertar. Sabem, aquela vontade de estar no lugar da noiva? De podermos experimentar aqueles vestidos brancos, ou beges, e sentirmo-nos princesas e estarmos a meses de nos casarmos com o homem que nos ama mesmo?
Pois, em mim essa vontade apenas tremelicou durante milésimos de segundos ao ver o véu ser colocado sobre a sua cabeça e deslizar suavemente pelos braços.
Acho que esta vontade nunca vai despertar em mim. E se um dia isso acontecer, vou fazer de tudo para que volte a adormecer. Um casamento saí-nos tão caro, e é apenas a festa de um dia. Um dia em que duas pessoas mostraram a todas as outras o quanto se amavam assinando aquele pedaço de papel.
Pergunto-me, vale a pena gastar tanto dinheiro por um dia? Para assinar um mísero papel? Não podemos ser felizes para sempre sem estarmos casados com aquela pessoa?
E se um dia nos divorciarmos? Carradas de dinheiro desperdiçadas num dia que foi em vão.