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Desabafos Mudos

Desabafos Mudos

19
Jun14

a extracção, ou tortura como prefiro chamar

Entrei no consultório e até me esquecia de cumprimentar o senhor doutor. Deitei-me na cadeira já meia tensa, mas como se me tivesse esquecido do que ia acontecer. Pediu-me para abrir a boca e avaliu os danos. 'É fácil, custa mais fazer uma limpeza aos dentes', dizia ele. Pôs o que me parecia ser uma seringa, na boca. Só quando comecei a sentir várias picadas é que me apercebi que já me estava a dar a anestesia. Isto até foi o que custou menos. Enquanto esperava que fizesse efeito começou a falar comigo e a perguntar se já sentia um formigueiro e tal. E não menti nem um bocadinho, não estava em posição disso.


Ao fim de cinco minutos já estava a língua e o lábio a ficar dormentes. Estava na hora da segunda dose. 'Não vais sentir esta agora', e foi verdade, não senti. Mas não consegui parar de abanar o pézinho. A seguir explicou-me o que ia sentir, uma pressão ou outra e o dente a abanar. Disse-me que se sentisse alguma coisa para levantar os braços. Ora, eu nervosa como estava era quase a única coisa que fazia inconscientemente. Lá veio aquela coisa direitinha à minha boca para começar a arrancar. Comecei a levar levar as mãos ao peito. Sim, estava a sentir ali qualquer coisa. Lá veio uma terceira anestesia.

 

Vamos lá outra vez. Não senti os abananços sou sincera. Já tinha uma perna para cada lado da cadeira e agarrava com os braços dela com força para não me permitir pensar ou sentir nem que fosse na cabeça. Quando me dei conta estava ele a parar outra vez. Então?, pensei já que não conseguia falar. Só depois reparei que tinha outra vez levado as mãos ao peito e levei uma quarta anestesia. Opa, não é que eu me importasse. Podia ser que durasse mais tempo e fosse um daqueles casos que não sente dores nenhumas pós-cirurgia.

 

Nova tentativa de arrancar o siso. Depois de quatro anestesias ele descobriu o meu problema. Quando estava a puxar fazia uma impressão aqui do lado esquerdo junto á bochecha. Então ele fez pressão na zona com a mão e deixei de sentir. 5 segundos depois já não tinha dente.

Levantei-me da cadeira e toda eu tremia, estava meia zonza e meia indisposta. Dos nervos. Em vez de mandar mensagem, decidi ligar ao meu pai na sala de espera. Só tive que dizer uma vez, vá lá, 'Vem buscar-me sff'. Parecia que me estava a babar toda, tive sempre um guardanapo a tapar a boca.

 

Meia hora depois da extração: consegui tirar a compressa lá do fundo com uma pinça e engolir um maxilase com medo das dores;

Duas horas depois: foi um rolo de papel higiénico em baba ensanguentada;

Três horas depois: já a ficar com os nervos em franja com os meus pais que queriam que bebesse um iogurte lá fui tentar comer um gelado;

Entretanto a minha mãe pergunta se quero tomar os comprimidos receitados ao meu irmão e tomo um segundo comprimido para as dores que ainda não tinha nem queria ter. Lá fiz um esforço e comi três colheres de gelado já feito em papa. O gelado ajudou a estacar o sangue. Baba, muita baba. Tinha tudinho dormente. Fui ao quarto buscar o outro rolo que lá tinha escondido antes que a minha mãe tivesse outra coisa com os rolos que estava a gastar, quando fui a ver já me babava outra vez.

Quatro horas depois: já sinto a língua, o lábio já está quase e aparentemente os dentes também. Consegui finalmente estacar sangue. Mas continuo colocar um saco de gelo envolto num pano durante 15 min, com intervalos de 10. E vou manter até me deitar pelo menos.


Seja o que Deus quiser a partir de agora.

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