vida de cão
Hoje andámos pela cidade à procura dele, outra vez. Ele foi de carro para uma zona, eu corri o centro de trela na mão. Acabei por encontrá-lo a cheirar as necessidades frescas de uma cadela que tinha acabado de passar ali. Veio a correr na minha direcção, a atravessar a estrada com um carro a vir do outro lado. Enfim, coisas sem importância.
Gritei: «Senta!» e o matulão com 25 quilos, arraçado de pastor alemão e serra da estrela, veio a correr a ganir, da asneirada, e sentou-se ao meu lado. Agarrei-lhe na coleira e liguei ao meu namorado a dizer que o tinha, e fiquei sem bateria antes de dizer exactamente onde.
Pus-lhe a trela e lá fomos nós. Muitas cabeças viradas, surpreendidas. Não mais do que eu. Um cão daquele tamanho, a minha pessoa só com mais 25 quilos, a levá-lo ali, firme ao meu lado com trela curta. Ele sempre ofegante a puxar, ansioso. Tanto quanto eu. Mas foi ao meu lado. Senti-me orgulhosa, por conseguir, de certa forma, domá-lo. A partir de hoje só saí com trela. Vamos começar a treinar isso. Para aprender a fazer tudo o que dizemos. Acabaram-se os passeios livres.
Os líderes da matilha somos nós.