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Desabafos Mudos

29.04.12

  Toda a gente está a olhar pra mim. Sinto-me nua, exposta no centro de tudo. Mas estou ali sozinha e sossegada no meu canto. Vejo olhares. O que tenho? O meu cabelo está despenteado por causa do vento? Não! ouço risadas. Não sinto o corpo, mas sei que treme porque o arroz caiu do garfo. Recuso-me a levantar os olhos para olhar em redor. No fim, abandons e a mesa vazia focada na porta de saída. Olhares e sorrisos travessos. Está tudo na minha cabeça!


 

  O dia correu muito bem, até à hora do almoço. O sentimento que me inundou foi horrível. Demasiada gente que eu não queria reencontrar concentrada naquele pequeno espaço! O trauma junto com o teste novamente adiado e mais uma estrelinha no céu é capaz de me afastar daqui uns dias. Peço desculpa. Eu volto.

 

BIVÔ ♥

24.04.12

  Acordei com o melhor despertar de sempre. O som de gargalhadas inconfundíveis e adoráveis. Sorri para mim quando o seu rosto me invadiu os pensamentos. Afastei o cobertor que me aquecia e arrependi-me de tal gesto. O ar seco e gelado depressa arrefeceu cada parte do meu corpo.

  Com o olhar percorri cada ponta daquele quarto. Estava sozinha. Uma nova gargalhada ecoou pelas paredes, desta vez era mais forte. Calcei os chinelos de inverno e enfiei os braços no robe enquanto saía do quarto para descer as escadas.

-Anda, anda ao pai. – A sua voz melodiosa chamou. Imaginei-o de braços estendidos para uma pequena menina que o ignorava mais interessada a coçar as gengivas, que os dentes tentavam romper, mordendo a mão. E provavelmente o pequeno estaria de volta das minhas revistas, a comer as páginas sobre política quando ele não ia a tempo de tirar os bocados de papel das mãos.

  E a imagem passou para a realidade, tal como me surgira na cabeça. Só não previra os pezinhos descalços no chão de mármore gélido.

-Mãe. – Alguém chamou no seu dialecto ainda meio desajeitado.

  Virei a cabeça para poder confirmar que o mais velho estava sentado no sofá, com dois cobertores até ao pescoço e a sua adorada almofada debaixo da cabeça para poder olhar para a televisão e ver os desenhos animados preferidos.

 

 

22.04.12

  Acho uma parvoíce as pessoas dizerem que é uma parvoíce falar com animais. Porque eles não nos percebem. Mas eles compreendem-nos quando estamos calados, porque não haveriam de perceber quando falamos para eles?


 


  Todos os dias me deparo com situações em que vejo que a nossa Xanuca nos percebe, mas hoje mais que noutros dias reparei nisso. E não é contado que as pessoas vão acreditar. É vivendo.


 


  Depois de um ataque de pânico dela, em que não a conseguiamos reconhecer no meio dos miados aterrorizados, assanhanços e no cenário horrível em que a encontramos, só as palavras meigas do dono a conseguiram acalmar. O aparentar que "está tudo bem Xana" e fazer outras coisas na cozinha para que ela percebesse que era normal o que tinha acontecido, é que fez com que ela ao fim de quinze minutos descesse do corrimão da varanda para junto dele.


   Agora, já à noitinha, comigo a vigiá-la, tentei perceber o motivo do sangue que voltou a surgir na patinha esquerda da frente. Oh patas sagradas em que não posso mexer! Comecei com miminhos, ora pata, ora pescoço, ora pata novamente. Ela percebeu a ideia, tentou recolhê-la.


- Oh meu amor, deixa ver, não vou magoar. - Disse baixinho e com ternura.


   E ela relaxou, deixou-me ver a unha dela com calma.


 


Um pesadelo a ser vivido para esquecer o mais depressa possível, Amamos-te muito Xanuca ♥


 


20.04.12

    «Ele tinha em mente cumprimentar o empregado e inquirir se ela já ali tinha estado, não sabendo que ia obter as respostas antes de colocar as questões. Com um delicado vestido de renda branco com alguns folhos, sapatilhas a condizer e o cabelo apanhado na nuca com um pequeno e discreto laço. Ela estava ali. Dava a ideia de um anjo á primeira vista. E não o seria realmente?

     Pousou a mão no seu ombro para lhe dizer ‘Olá’. Mas a fala fugiu-lhe quando o olhar da cor do mar se encontrou com o dele. Acabou por beijar-lhe a face e mostrar apenas um sorriso estupidamente atrapalhado de um apaixonado.»

 

19.04.12

No passeio de uma rua estava sentada uma boneca de trapo dona de um sorriso tímido cozido com uma linha vermelha no rosto e uns olhos castanhos meigos em forma de botões de diferentes feitios. E apesar de não ter nariz sabia sempre quando é que havia flores frescas na florista da rua.
A boneca de trapo passava o dia ali sentada, sossegada e calada no seu canto. Mas não foi por isso que deixou de incomodar um grupo de crianças que passou ali um certo dia. Oh pobre boneca de trapo de mão em mão e jogada de pé em pé qual bola de futebol. Pareciam não conhecer o seu uso, mas também não se interessavam em descobrir o amor de que estava ela cheia.
Mal tratada e humilhada rende-se aos dissabores da vida. Pobre boneca de trapos que jaz suja no chão daquela rua com o sorriso de linha vermelha descosido, perdido algures.

 

17.04.12

«A Coca é a Coca e nenhuma riqueza do mundo te pode dar uma Coca de melhor qualidade do que aquela que bebe o mendigo na esquina da rua. Qualquer que seja a Coca, é Boa. Liz Taylor disse-o, o Presidente disse-o e tu também o dizes.»

Excerto do doc. 6 da página 172, O TEMPO DA HISTÓRIA 2ª Parte, Porto Editora

 

Agora vou enterrar a cabeça no livro, sublinhar o essencial e fazer resumos! Adoro estudar para História ♥

 


Olhem eu a olhar para um livro de História! Idêntico!

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A espetar com tudo para aqui desde 2009.
Curiosa na multimédia, gosta de fotografia, apaixonada por gatos e já foi viciada em escrita.

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